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Excessos carnavalescos

Caríssimos ouvintes...

 

Hoje é o último dia dos festejos carnavalescos. Para muitas pessoas um final comum, sem muitas alterações ou surpresas. Para outros no entanto, a coisa não foi assim tão simples... Vejam bem, ainda nem terminamos esta festa. No Rio de Janeiro o SANBÓDROMO teve uma noite em claro com as escolas desfilando e mostrando as suas fantasias para os presentes. Turistas de todas as partes do mundo, se acotovelaram nas arquibancadas ou nos camarotes para ver de perto a festa das cores. Tudo isso seria muito mais interessante para o Brasil, se não nos desse com isso, o título de país do samba suor e ouriço. Uma espécie de devassidão descendo dos salões para as avenidas das principais capitais do Brasil. 

Ainda que bastante combatido sobre desmoralização, não foi o suficiente para que a roupa fosse pouco usada neste últimos três dias pelos chamados foliões e a falta de censura permitiu que a imprensa levasse a todos os lares deste país as cenas mais comprometedoras possíveis, quer com gestos ou apresentação corporal. Queríamos que o carnaval fosse de outra forma. Que o nome Brasil fosse levado com o carnaval, que os turistas nos procurassem para ver nossa festa; Mas que esta festa não fosse tão profana, tão pecaminosa, tão desnutrida de ingredientes morais e tão comprometedora à pessoa humana que é tida como um templo do Espírito Santo.

Queremos até evitar de pensar no que será deste mesmo carnaval daqui a mais algumas décadas. Causa-nos estranheza de vermos pessoas tão sérias durante o resto dos dias do ano, e quando chega o carnaval trocar completamente de comportamento. Tiram a máscara e demonstram quão é falha a sua personalidade e pudor. Que se pule, dance, extravase os seus sentimentos, mas que se faça tudo isso sem ter que mais tarde andar de cabeça baixa envergonhado do que praticou durante os excessos carnavalescos.

 

Celso Leite em 11 de fevereiro de 1986

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